quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

Lembrança e nostalgia

Lembrança e nostalgia

Olha como chove na minha alma

O cansaço não perdoa

Entre recordações a mente voa

Escrevendo memorias em pedra alva

Distantes,

Dispersos na nostalgia,

Flutuam pedaços dos sentidos

Que serenos deixámos perdidos

Enquanto a vida fluía

Olha como nos esvaímos

Na vereda que agora

Nos consome o sonho que outrora

De audácia construímos

Olhas as folhas caindo

Despedem-se de nós

E neste ficar a sós...

Apenas no peito sentindo.

Antonio Gomes da Silva

Novembro de 2011

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

SOU DO CONTRA











Efectivamente, sou do contra.





Já vi dormir na calçada ignorando e sendo ignorado por pomposos carros diplomáticos que desfilam...
Sou contra!



Há quem come pão duro do lixo que despejam e nem refilam...
Estou contra.


Há quem pede esmola nas ruas finas do meu País...


Estou contra.


Há quem fale sem nada dizer e seja aplaudido pelo que não diz...
Eu sou contra!


Eu, sou contra a luxuria que se esbanja perante a raiva do povo!


Eu, sou contra quem não quer ter um País sem roubo!


Eu, sou contra quem oprime os que gritam no fundo da alma!


Eu, sou contra a hipocrisia política desta Nação morrendo com calma.


Eu, sou contra todo aquele que engana quem luta pelo seu lar!



Eu, sou contra esta condição de ver sofrer e não poder ajudar!



Que comprem todos os jornais para que a verdade seja calada!...
Eu estarei contra!


Eu, sei que falo, que escrevo, que me revolto e nada vale de nada...
Eu sou contra!


Que seja caro o pão e o leite das crianças!...


Eu sou contra.










Que se curem os ricos e os pobres se curem só com a esperança!...


Eu sou contra!


Que sejam as ONG a acudir um povo que o Estado vai destruindo...
Eu sou contra!


Que sejam pandemia as lágrimas das gentes aos pés do corrupto rindo...
Eu sou contra!


Digam-me que só com boas maneiras se desenvolve esta Nação!...
Sou contra!


Com boas maneiras engorda o corrupto e o povo sem pão...
e eu sou contra!



Façam colecção de reformas que nem sequer merecem...
Sou contra



Tenham bónus milionários enquanto os velhos apodrecem...


Sou contra!




Digam-me que me acalme e que fale com outros modos...
Sou contra!





(...)Se a injustiça esta' para a Nação como na cabeça dos pobres, os piolhos?!

Sou contra!
















(Já me disseram que sou um louco carente de cura, mas só os loucos podem estar sempre de acordo...e eu...

estou contra.)





António Gomes da Silva

segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

POEMAS E PALAVRAS



Nunca fui do tipo de escrever  eternidades porque tenho que mostrar e divulgar sem cessar a minha existência.
Penso até que vale mais um adeus  preciso do que uma despedida excessiva.

  • Se eu quisesse, faria poemas de rajada e em cascata com contornos irreais.
Se eu quisesse, iria buscar nos confins do meu ser a chave que dilacera cada coração.
Mas... e depois?
Que haveria depois a fazer quando cada palavra minha já estivesse justificada e encriptada em toda a gente?
Tudo perderia o sentido que hoje me justifica e eu, não seria quem sou; que mesmo sendo imperfeito, eu me amo.

Como seria se o puzzle que são as palavras da poesia, já estivesse correctamente unido?
Eu vejo, eu ouço, eu leio e por vezes não compreendo o desprendimento de quem debita tentativas poéticas em enxurradas que parecem contratos a tempo determinado como se sem controlo quisessem esgotar os temas e as palavras.

 No entanto, compreendo que queiram gritar ao Mundo: “Eu estou aqui!”
Mas creio que por vezes tem mais valor um só grito lançado com destreza e direção correcta do que uma multidão de bocas em insensata loucura colectiva.

  • Enquanto que eu...
Eu sinto-me na eminência do flash que desperta docemente.
Que sobrevoa e a pouco e pouco invade o ser de quem não sente.
Nem que o horizonte por fim se detenha no meu avançar,
Eu erguerei palavras que o impeçam de me abandonar.
Não desperdiçarei palavras ou sonetos em vão.
Porque cada palavra minha, é uma nota na colcheia do meu coração.
Eu revolvo-me no sentimento contido na ansiedade
Como turbilhão de poemas que estupefacta a tempestade.
Só vou até onde a minha palavra se aninha no espaço que alcança.
Mas vou em delírio de brincadeira de criança.
Se aparento loucura?...
No fundo, eu vivo em sonho como joia rara
Que envia mensagens de sede pura
e queria tanto que por vezes, bastasse uma só palavra.


24/11/2010
António Gomes da Silva