segunda-feira, 17 de janeiro de 2011

POEMAS E PALAVRAS



Nunca fui do tipo de escrever  eternidades porque tenho que mostrar e divulgar sem cessar a minha existência.
Penso até que vale mais um adeus  preciso do que uma despedida excessiva.

  • Se eu quisesse, faria poemas de rajada e em cascata com contornos irreais.
Se eu quisesse, iria buscar nos confins do meu ser a chave que dilacera cada coração.
Mas... e depois?
Que haveria depois a fazer quando cada palavra minha já estivesse justificada e encriptada em toda a gente?
Tudo perderia o sentido que hoje me justifica e eu, não seria quem sou; que mesmo sendo imperfeito, eu me amo.

Como seria se o puzzle que são as palavras da poesia, já estivesse correctamente unido?
Eu vejo, eu ouço, eu leio e por vezes não compreendo o desprendimento de quem debita tentativas poéticas em enxurradas que parecem contratos a tempo determinado como se sem controlo quisessem esgotar os temas e as palavras.

 No entanto, compreendo que queiram gritar ao Mundo: “Eu estou aqui!”
Mas creio que por vezes tem mais valor um só grito lançado com destreza e direção correcta do que uma multidão de bocas em insensata loucura colectiva.

  • Enquanto que eu...
Eu sinto-me na eminência do flash que desperta docemente.
Que sobrevoa e a pouco e pouco invade o ser de quem não sente.
Nem que o horizonte por fim se detenha no meu avançar,
Eu erguerei palavras que o impeçam de me abandonar.
Não desperdiçarei palavras ou sonetos em vão.
Porque cada palavra minha, é uma nota na colcheia do meu coração.
Eu revolvo-me no sentimento contido na ansiedade
Como turbilhão de poemas que estupefacta a tempestade.
Só vou até onde a minha palavra se aninha no espaço que alcança.
Mas vou em delírio de brincadeira de criança.
Se aparento loucura?...
No fundo, eu vivo em sonho como joia rara
Que envia mensagens de sede pura
e queria tanto que por vezes, bastasse uma só palavra.


24/11/2010
António Gomes da Silva